Alta de alimentos força eficiência tecnológica

Ben Worthen, The Wall Street Journal



Diante da resistência dos consumidores a um cardápio mais caro e a preços mais altos nas compras de supermercado, empresas de produção, distribuição e varejo de alimentos dos Estados Unidos estão respondendo à alta das commodities com um esforço para reduzir ainda mais os custos em sua cadeia de suprimento. Isso quer dizer lidar com excesso de estoques, rotas de caminhões ineficientes, planilhas de produção mal elaboradas e a administração do proceso via sistemas de computadores.

 

Como poucas empresas dispõem de novas tecnologias já em funcionamento para enfrentar a crise atual no preço das commodities, a opção tem sido usar os mesmos sistemas comprados desde o fim dos anos 90, repensando a forma de operá-los.

Este é o caso da Hannaford Bros. Co., uma rede de supermercados subsidiária da belga Delhaize Group. As lojas Hannaford costumavam receber dois suprimentos por dia - um carregamento de produtos frescos, como queijos e carnes, de manhã cedo, e um carregamento de não perecíveis, como sopa em lata e cereais em caixa, à noite. A entrega em duas etapas facilitou o processamento dos itens frescos mais cedo, antes da abertura das lojas, e permitiu a estocagem da parte restante depois do fechamento ao público.

Mas a alta dos combustíveis fez a loja reconsiderar todas as regras, segundo Gerry Greenleaf, vice-presidente de distribuição da empresa. A Hannaford usava o sistema de planejamento de transporte e outros programas para analisar quanto o sistema de entrega em etapas custava à empresa e conferir se tinha a melhor relação custo-benefício. No começo do ano, ela passou a combinar as duas entregas em algumas das 160 lojas. É mais complicado para os gerentes de loja, mas as despesas adicionais são compensadas pela economia de combustível que, segundo a companhia, está agora entre US$ 500.000 e US$ 1,5 milhão no ano.

A Hannaford também fez outras mudanças com a ajuda da tecnologia de cadeia de suprimento, como um sistema que ajuda os motoristas de caminhão a aumentar a eficiência dos veículos, e que estaria gerando uma economia de US$ 500.000 este ano.

A Nestlé USA Inc., subsidiária da empresa suíça, também está mudando práticas estabelecidas. Antes, era mais barato para ela encher algumas garrafas de bebidas com mais do que a quantidade especificada do que gastar em máquinas, sistemas de informática e pessoal para garantir que uma garrafa de 600 ml tivesse exatamente 600 ml. A alta do açúcar, do cacau, do leite e de outros suprimentos convenceram a empresa a "declarar guerra ao desperdício" e fazer muitos daqueles investimentos, diz Jeff Kurtenbach, diretor de cadeia de suprimento da Nestlé USA.

Da mesma maneira, a alta dos preços de alimentos levou a Nestlé a contar mais com software para mexer em sua programação industrial. Antes era mais barato para uma fábrica passar duas semanas inteiras fazendo um estoque de seis meses de fórmula infantil do que constantemente limpar e ajustar a fábrica para fazer os produtos em levas menores. A empresa aprendeu depois que as levas menores lhe poupam dinheiro porque reduzem o estoque e os estragos.

 

 

Fonte: Valor Econômico – Edição: 26/06/2008