Queijo Minas Artesanal garante sustento de produtores de Minas Gerais

 

 

Um dos produtos mais típicos do agronegócio do Estado, de reconhecido valor cultural, histórico e econômico, o queijo minas artesanal vem ampliando as perspectivas de comércio e garantindo o sustento de muitos produtores do Estado. A força vem principalmente da assistência técnica e do suporte da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) a produtores das regiões demarcadas pelo Programa Queijo Minas Artesanal (Canastra, Serro, Araxá, Cerrado e Campo das Vertentes). Há cerca de 29 mil produtores do queijo minas artesanal nestas regiões.

 

Entre as ações que a Emater-MG executa nas regiões produtoras estão a elaboração de projetos, captação de recursos para investir no setor e a oferta de cursos de capacitação em boas práticas agropecuárias e de fabricação, para reciclar os fabricantes.

 

Segundo a coordenadora técnica estadual do Programa Queijo Minas Artesanal, Marinalva Soares, os extensionistas da Emater-MG já participam de cursos de Associativismo e Gestão, necessários agora com a implantação dos Centros de Qualidade do Queijo Minas Artesanal. A meta da empresa para o ano de 2010 é prestar assistência técnica a mil produtores até o final do ano, estimulando o cadastramento das queijarias no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O órgão público mineiro é o responsável pela inspeção sanitária. 

 

Até o final de abril, 134 fabricantes do queijo minas artesanal cadastraram suas queijarias no IMA. Agora são 22 na Canastra, 71 no Serro, 13 em Araxá e 28 no Cerrado. O cadastramento, defende o coordenador do Programa Queijo Minas Artesanal Albany Árcega, agrega valor e qualidade ao produto, tanto sob o ponto de vista da segurança alimentar, pois beneficia o consumidor, quanto sob a ótica do empreendedor, uma vez que a chance de conquistar mercados diferenciados aumenta, quando se tem um produto de qualidade superior.

 

 Diferença essa que, no caso do cadastramento, atesta um cuidado no preparo do queijo. “O cadastramento é a comprovação oficial de que o produto não oferece risco à saúde do consumidor. O produtor tem nesta ferramenta, a porta de entrada para novos mercados, como nas grandes redes de supermercados, ampliando a participação no mercado formal”, diz Árcega.

 

Produtores organizados

 

Não faltam exemplos de produtores atendidos pelo programa que estão ocupando bem os espaços oferecidos pelo mercado mineiro de queijo. Mesmo considerando algumas dificuldades próprias dos empreendimentos tocados pela agricultura familiar, como pequena produção e o transporte dela para os grandes centros, situações assim vêm sendo enfrentadas com a organização destes produtores em associações, como explica o extensionista do escritório da Emater-MG de São Roque, José Roberto Correia Miguel.

 

“Trabalhamos pelo entrosamento cada vez maior entre os produtores do queijo daqui, para que, juntos, eles possam combinar uma forma de resolver os problemas comuns”. São Roque é um dos municípios da região da Canastra que também apresenta expressiva produção do queijo minas artesanal.

 

No município de Rio Paranaíba, região do Cerrado, o produtor Marcos João Bispo ilustra bem como está, atualmente, o processo de inserção do queijo minas nos centros comerciais. Com a ajuda da família, Bispo fabrica 1.500 quilos do produto por mês. A quantidade se soma às 13 toneladas de queijo produzidas mensalmente por nove queijarias cadastradas no IMA e representadas pela Associação de Produtores de Queijo do Cerrado Rio Paranaíba (Apromar), entidade que tem 20 associados.

 

Toda a produção é comercializada pela rede de supermercados ABC de Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, e no município de Araxá. Bispo diz que a expectativa agora é com a venda do queijo em outros estados, o que deve acontecer a partir da implantação do Centro de Qualidade do Queijo Minas Artesanal, que está em fase final de construção em Rio Paranaíba. “O Centro de Qualidade vai valorizar nosso produto. Além de melhorar a qualidade do queijo, vai ser um local onde vamos reunir todo o produto fabricado na cidade, facilitando a distribuição”, afirma.

 

O produtor José Baltazar da Silva, da Fazenda São Bento, município de são Roque, sempre morou no meio rural e é mais um exemplo de fabricante do queijo artesanal, atendido pelo programa. Conhecido como Zé Mário, há 50 anos ele fabrica o queijo Canastra. Hoje,são produzidos cerca de 60 quilos semanais do produto na propriedade.

 

Filiado à Associação dos Produtores de Queijo Canastra de Medeiros (Aprocame), Zé Mário conta que, ao contrário de alguns companheiros, ainda reticentes às normas da legislação que regula o segmento no Estado, ele resolveu encarar o desafio de melhorar a qualidade do queijo para eliminar a figura do atravessador, até mesmo antes de se cadastrar no órgão responsável pela vigilância sanitária. “Resolvemos ir por nossa conta antes mesmo de ter o cadastro do IMA, pois o atravessador ficava com 60% do preço. E cada dia que passa a gente nota que aumenta a procura pelo queijo”, conta.

 

Capacitado em Boas Práticas de Fabricação pela Emater-MG, o produtor Zé Mário confirma a importância da reciclagem profissional, mesmo em se tratando de uma prática tradicional e secular. “Temos a prática, mas não a tecnologia”, pondera.

 

 

Fonte: Agência Minas