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30 de novembro de 2022

Alta global nos custos de produção elevou preços e reduziu a competitividade de regiões produtoras no mundo

DESTAQUE
Fonte: Cepea | Foto de capa: Imagem de Couleur por Pixabay

Custos Leite - O International Farm Comparison Network (IFCN) é uma rede de cooperação internacional de análise da produção e do mercado do leite da qual participam a CNA e o SENAR em parceira com o CEPEA através dos dados do Projeto Campo Futuro. 

A rede de pesquisadores elabora anualmente um preciso diagnóstico da situação global da cadeia do leite que aborda as principais tendências de preços, custos de produção e a competitividade das regiões produtoras ao redor do mundo. A conferência realizada em 2022 abordou os resultados consolidados do ano de 2021 referentes aos preços e custos de mais de 50 países e mais de 170 fazendas. A alta nos preços dos insumos e o consequente aumento dos custos de produção foram observados no mundo todo o que limitou a competitividade de muitas regiões inclusive do Brasil. 

Os estímulos monetários utilizados para reverter os efeitos da desaceleração econômica durante a pandemia e a retomada do funcionamento de alguns setores tiveram efeito positivo na manutenção do consumo de derivados lácteos em 2021. Por outro lado, a alta dos custos de produção e fatores climáticos limitaram o crescimento da oferta mundial de leite. Os dados da rede indicaram um crescimento de apenas 2,6% na produção global em 2021. O maior aumento foi registrado na região do Sudeste Asiático, de 4,3% na comparação com o ano anterior. O crescimento na região foi consequência direta dos investimentos realizados nos últimos anos, além da propaganda positiva do setor sobre os benefícios nutricionais no consumo de produtos lácteos. Em contrapartida, os relevantes mercados da Europa e da Oceania registraram retrações em suas produções de 1,3% e 0,5% respectivamente. Nesse mesmo sentido, a captação brasileira registrou queda de aproximadamente 2%, conforme dados da Pesquisa Trimestral do Leite (PTL) do IBGE. 

A conjuntura global resultou na elevação dos preços no mercado mundial a patamares não observados desde 2013. O Indicador do IFCN – que leva em consideração uma referência teórica de quanto a indústria poderia pagar ao produtor para produzir seus principais derivados – atingiu, no fim de 2021, a cotação de 0,515 centavos de dólar por quilograma de leite. A média do mesmo Indicador para o ano foi 0,45 centavos de dólar por quilograma de leite bem a cima da média observada entre 2017 a 2020 que foi 0,36 centavos de dólar por quilograma de leite. No Brasil o a média Brasil do leite pago ao produtor para o ano ficou em 0,35 centavos de dólar por quilograma de leite. Refletindo a valorização da matéria-prima, as cotações dos principais produtos lácteos também registraram aumentos, segundo dados da rede no mercado internacional a manteiga teve aumento de mais de 30% e o leite em pó de 29% em 2021. 

Quanto aos custos de produção, os aumentos dos preços internacionais do milho e do farelo de soja influenciaram nas decisões de desinvestimento, devido às retrações das margens da atividade. O Indicador do concentrado no mundo – que também é elaborado pelo IFCN e que considera 30% de farelo de soja e 70% de milho – apontou uma valorização de quase 40% na média em 2021 na comparação com o ano anterior. A valorização mundial dos grãos – reflexo da conjuntura de baixos estoques, produções prejudicadas pelo clima e demanda firme de mercados como a China – se refletiu nos custos diários de alimentação dos rebanhos em todos o globo. Na comparação dos resultados entre países, a conjuntura do mercado em 2021 afetou mais algumas regiões produtoras do que outras.

Os dados apontaram que regiões importantes da pecuária leiteira mundial, como os Estados Unidos, tiveram aumentos de 0,065 centavos de dólar por quilograma de leite produzido em 2021. Regiões típicas de produção leiteira de alta tecnologia, como a Califórnia, registraram margens negativas, segundo os dados do levantamento, com custos e receitas próximos de 0,35 centavos de dólar por quilograma de leite. Na Europa, a situação dos produtores também foi de margens apertadas, e alguns países, como Alemanha, França, Espanha e Itália, apresentaram custos entre 0,40 e 0,35 centavos de dólar por quilograma de leite e receitas cobrindo apenas o Custo Operacional Efetivo.

Ressalta-se que as preocupações dos pesquisadores se voltam a outros dois temas que podem impactar negativamente o setor lácteo nos próximos anos, sendo esses as questões climáticas e ambientais e a sucessão familiar. A pressão pela redução das emissões de gases de efeito estufa tem desestimulado a produção na Europa. Nesse contexto de restrições e de achatamento das margens, as lideranças locais olham com preocupação a atratividade da pecuária leiteira para as futuras gerações.

O aumento dos custos de produção também acentuou a menor competitividade da pecuária leiteira nacional diante de outros países. Conforme os dados da rede no ano de 2021, o Brasil teve um maior custo de produção na comparação com países como Argentina, Uruguai e Nova Zelândia, com um COE em torno de 0,32 centavos de dólar por quilograma de leite para os sistemas das regiões Sul e Sudeste utilizados na comparação internacional. São quase 0,10 centavos a mais em relação a esses países, a diferença entre os custos do Brasil e os dos países vizinhos pode ser explicada, em partes, pela maior eficiência produtiva dos países já que de um modo geral possuem propriedades mais produtivas e homogêneas em relação ao perfil tecnológico. A produção por vaca do Brasil na média nacional, segundo os dados da FAOSTAT chega a ser de duas a três vezes menor em relação a países como a Argentina, Nova Zelândia e Estados Unidos.

De 2020 para 2021, o custo de produção do pecuarista de leite do Brasil cresceu 38% sendo o maior aumento na comparação com os países a cima citados. Além da menor eficiência de parte dos sistemas de produção nacional, a desvalorização do Real frente ao dólar em 2021 acentuou o movimento de avanço nos custos de produção. O câmbio, além de estimular a exportação de grãos, também tornou mais cara a compra de insumos que dependem de matéria-prima importada, como os fertilizantes, suplementos minerais e medicamentos. O encarecimento nos custos e a redução na produção, por sua vez, resultaram em aumento nos gastos com a captação da matéria-prima no campo por parte da indústria e, consequentemente, em redução da competitividade da cadeia nacional perante a outros países analisados. Os dados da comparação global permitem observar que as principais regiões produtoras, incluindo o Brasil, tiveram grandes desafios de custos e achatamento de margens da atividade. 

 

Acesse aqui a matéria na íntegra

 

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