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31 de maio de 2021

Cadeia produtiva - O macrocenário do contexto atual da pecuária leiteira por Andrew Jones

DESTAQUE
Fonte: Revista APIL (ASSOCIAÇÃO DAS PEQUENAS E MÉDIAS INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS DO RIO GRANDE DO SUL) - LQ47, com informações da Ajagro | Foto de capa: Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay

Gestão Rural - É muito importante lembrar que todos os ramos da agropecuária possuem ciclos de alta e ciclos de baixa, de um momento para o outro, este ponto de vista pode ser totalmente alterado conforme a economia vá se ajustando. Portanto, meu comentário tem validade para o ciclo que a atividade leiteira está passando neste momento.

As variáveis para se analisar este ciclo são diversas, nós produtores de leite e indústria de transformação somos impactados por diversos fatores, tais como: custos dos insumos, mercado interno, mercado externo, cotações de moedas, relações entre atores da cadeia, etc.

Realmente não é uma tarefa fácil fazer uma leitura correta e tomar decisões assertivas num cenário tão instável, pois a pecuária leiteira tem experimentado ciclos de alta e de baixa cada vez mais curtos... Economicamente falando.

Como gestor de empresas devo salientar que os empresários rurais e industriais que trabalham com gestão de dados e planejamento do seu negócio, sempre terão mais condições de se sobressair nestes momentos de incerteza.

Sempre vale lembrar que “não há mais espaço para amadorismo” seja da porteira para dentro da propriedade rural, seja dentro da indústria.

Para auxiliar a explanação do meu ponto de vista vou desenhar a animação abaixo, pode parecer infantil mas ajuda bastante no raciocínio lógico do tema.

Explicando o cenário, temos ao centro o produtor de leite, a produção do leite que é a atividade primária, sem ela não existe a cadeia láctea. Imagem: AJAGRO

ANALISANDO O MERCADO POR INTEIRO

 

O produtor

Imagem: AJAGRO

Para que a vaca produza leite em quantidade e qualidade, o produtor necessita adquirir, produtos, serviços, mão de obra, entree outras coisas, portanto ele está exposto aos valores praticados no mercado para aquisição dos insumos de produção.

Muitos destes insumos, tem seus preços atrelados ao dólar, por exemplo, combustível. Em um cenário de dólar alto os preços destes insumos pressionam os custos de produção para cima.

Sendo o custo de alimentação o maior custo de produção, vamos entender o que vem fazendo com que os custos da nutrição estejam nas alturas:

• Países em crescimento, com poder de compra, demandando cada vez mais produtos agrícolas, dos quais o Brasil encontra-se entre os maiores produtores e exportadores, por exemplo, soja e milho;

• Produtos acabados como suínos e frangos, que dependem dos mesmos insumos das vacas leiteiras para sua nutrição, com demanda forte no mercado internacional;

• Dólar alto e Real desvalorizado, produto nacional de exportação com forte demanda em volume e preço (cotação internacional > commodities);

• A equação fica fácil de entender, ou seja, preços de insumos de alimentação nas alturas.

Para manter margens, o produtor necessita repassar os aumentos de custo para seu produto final, ou seja, o leite precisa ter melhor remuneração.

 

A indústria

Imagem: AJAGRO

A indústria láctea também vem sofrendo com as altas dos custos dos seus insumos, tais como: energia, embalagens, fretes, reduzindo suas margens sempre que não conseguir repassar estes aumentos ao atacado/varejo.

Da mesma forma, os preços de produtos acabados precisam ser repassados aos atacadistas.

 

Atacado e varejo

Imagem: AJAGRO

Estes seguem a lei de mercado, ou seja, se existe consumidor com disposição de pagar mais pelo produto, tem espaço para aumento e vice-versa. Foi o que ocorreu ao longo dos meses do Auxílio Emergencial da Pandemia provocada pelo Covid-19. A renda da população consumidora cresceu, a demanda por produtos lácteos aumentou e preços subiram.

 

Consumo das famílias

Imagem: AJAGRO

Vivemos atualmente num cenário de “compras de segurança” por parte das famílias brasileiras, a instabilidade financeira e a falta de visão para o curto prazo faz o consumo se retrair.

Consumo menor e por produtos com preços mais baixos, não dão espaço a aumento do produto final.

 

Mercado externo

Imagem: AJAGRO

Cotação do dólar nas alturas e Real desvalorizado mundialmente. Países em crescimento ávidos por comprar alimentos, sejam eles commodities como soja e milho, bem como produtos acabados como frango e suínos, fazem a cotação destes produtos crescerem no mercado internacional.

Frango e suíno competem pela mesma matriz alimentar das vacas leiteiras, milho e soja (no caso subprodutos da soja).

Polpa cítrica, por exemplo, tem seu valor historicamente balizado pelo preço da saca de milho.

 

CONCLUSÃO

Portanto, este seria o cenário ideal para o leite brasileiro ganhar espaço mundo afora.

Com real desvalorizado, dólar alto e vários países com vontade e poder de compra para alimentos, deveríamos estar em franca expansão das exportações de produtos lácteos.

Porém, este realmente é um campo que a cadeia láctea brasileira não tem expertise.

São várias as fragilidades para enfrentarmos, até nos tornarmos players mundiais no mercado lácteo:

• Não temos tradição e nem experiência em exportar lácteos;

• Grande parte de produtos lácteos têm tempo de prateleira curtos para exportação, temos trâmites portuários burocráticos que tomam dias preciosos para tais produtos;

• Ainda temos barreiras sanitárias internas e externas para enfrentar;

• Custo Brasil de produção de leite, tanto da porteira para dentro da propriedade, bem como, dentro das indústrias. Ainda temos, em sua grande maioria, muitos pontos de ineficiência nas propriedades e dentro das indústrias.

• Interesses conflitantes. Uma grande parte da indústria de transformação é composta por empresas multinacionais, com atividades lácteas em vários outros países, inclusive com presença forte no cenário exportador de lácteos mundial;

• Falta uma voz única com poder de ser interlocutor dos interesses das indústrias nacionais frente ao mercado externo, isto dificulta a conversação até mesmo com órgãos oficiais nacionais e internacionais;

Finalizando meu ponto de vista, sou otimista por natureza e onde existem fragilidades, existem grandes oportunidades.

Como fazíamos “antigamente” já não está valendo mais, precisamos unir forças, pensar juntos, planejar muito e fazer diferente, pois este é o “caminho e a vida” para nossa querida pecuária leiteira.

Andrew Jones é engenheiro agrícola e diretor da Ajagro, empresa de consultoria especializada em pecuária de leite.

 

Acesse aqui a Revista Apil na íntegra com a matéria – pág 28

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