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5 de setembro de 2024

O consumo per capita de leite informal é maior que o consumo formal

DESTAQUE
Elaboração www.terraviva.com.br  | Foto de capa: Foto de Annie Spratt na Unsplash

Consumo de leite - Conforme as estatísticas ( GRÁFICO ) do PPM/IBGE, a partir de 1997 tornou-se possível calcular o total de leite adquirido pelos produtos e, ao subtraí-lo do total da produção de leite, obtém-se a quantidade de “leite informal”. 

Alguns analistas menos atentos ainda insistem em denominá-lo “Leite Fantasma”, conceito errado em todos os sentidos, não só do ponto de vista lógico, mas sobretudo porque não explica as diversas questões subjacentes a realidade dos mercados de leite e de lácteos.

É importante conhecer a identidade de quem produz esse leite “informal”, quem os consome, assim como se faz com o leite formal. 

Pelo tamanho desses 2 mercados observa-se ser importante ver os dois lados da produção de leite e suas relações entre si e com a produção e a população total, assim como, com a renda do consumidor e os preços dos produtos e suas distintas estruturas de produção, processamento e distribuição.

Não procedendo dessa forma, a sociedade não vai entender por que o Estado teria de ter uma função importante ao atuar nesse mercado informal, fazer investimentos de recursos públicos relevantes voltados a interveniências através de políticas públicas com vistas a integrar esse mercado aos mercados formais. Políticas públicas são muito usuais, mas tem sido mais tempestiva apenas em relação ao mercado formal. Não se pode ter para um mesmo fenômeno dois pesos tão distintos.

Ao estudar esse tema, ao procurar entender sob quais funções sua dinâmica funciona, temos que: inicialmente observar que ao medir o leite “comercializado informalmente”, não deve ser somente fazer uma relação mecânica à produção total de leite, apenas para concluir que esse leite informal seria somente a sobra do leite que não passa pelos laticínios, isto é, o leite que vai para o mercado formal.

De 1997 a 2014, o leite informal cresceu 33,8%, um pouco menos da metade do crescimento da produção total no mesmo período, mas cresceu! Analisando essa relação no período de 2014 a 2022, no âmbito da mais longa estagnação da cadeia láctea, constata-se que esse mercado informal cresceu mais que a produção total, ficando por volta de 4% a 3%. Então, como são duas faces, lógico que o leite formal cresceu menos.

 Achamos que é preciso ir além e considerá-lo também como um mercado que atores, que tem um faturamento de no mínimo de R$ 34 bilhões e cerca de 500 mil produtores de leite. Mas há ainda outras considerações é um setor que ocupa muita gente na produção, no processamento e na distribuição, enfim é um segmento da cadeia láctea, é um setor econômico. 

Primeiramente, ao fazer essa relação com a produção total, olhamos para o leite informal não somente como “produção”, mas pelo outro lado da moeda, ele é simplesmente uma comercialização de leite para um mercado bem definido: de leite fluidos, queijos e doces etc., sobretudo para regiões rurais e ou periféricas às cidades, de forma decrescente, segundo for o tamanho delas.

O maior atrativo de consumo de qualquer produto informal é o seu preço, o mais em conta, natural que seja, até porque não carrega custos de conformidade higiênico sanitária e tributária, entre outros.

Chega a ser consumido por uma população próxima a 60 milhões de habitantes. Se tomarmos o volume destinado de leite para o mercado informal em 2024, teríamos um consumo per capita ao arredor de 192 litros.

Por outro lado, já o leite formal direto ao consumo através de leite fluido e derivados lácteos, considerando somente o de produção nacional, em um mercado estruturado, detraindo a população que consome o informal, seria acessado por cerca de 153 milhões de habitantes em 2024, resultando de 159,49 litros per capita, em 2024 Assim, temos que o mercado de leite informal além de ter um crescimento maior, tem também um consumo per capita maior que o do leite formal.

Entretanto, o mais importante é afirmar que o leite informal é visível, precisa ser entendido pelas autoridades e pela cadeia láctea de quem é filho, com vistas a abrir um debate muito sério sobre a necessidade de fazer a sua integração formal ao mercado lácteo, claro que não se faz com uma varinha de condão, mas com muito trabalho, investimentos em políticas públicas e sobretudo com união de propósitos de toda a sociedade interessada.

Por fim, assistimos ao longo dos últimos anos boas iniciativas, como foi, por exemplo, a instituição do selo arte que integra nos mercados a produção artesanal e o SISBI (Selo Arte e SISBI só produção sob SIE e SIM) que descomplica o acesso aos mercados nacionais para laticínios de pequeno porte, fatos esses que constituem um bom início de solução sobretudo em relação as questões relacionadas conformidades sanitárias.

Veja no GRÁFICO o desenvolvimento produção de leite 1974 a 2022

Segundo o IBGE a produção brasileira de leite e a sua comercialização formal e informal, em 1997- 2014 - 2022- 2024*, definem-se nos seguintes volumes, em milhões de litros ano.

Para os dados de 2024 a Terra Viva fez uma projeção considerando 2,5% de aumento da produção para 2023, igualmente projetamos um crescimento de 0,5% da produção para 2024, portanto, chegando a um total de crescimento de 3.01% em 2024; em relação a 2022.

Observa-se que a produção evoluiu muito bem entre 1997 e 2014, portanto, em 17 anos, houve aumento de 88,17%.

No entanto, de 2014 e 2024, em 10 anos, a produção permaneceu estagnada, diminuiu, aumentou, permaneceu estável em alguns desses 10 anos e, finalmente aumentou 2.5% em 2023 (como projeção) e (0,5% como projetado para 2024), como resultado no final de 10 anos conclui-se que esse período se configura como uma longa e tortuosa estagnação, a mais longa da história da cadeia láctea brasileira.

O IBGE iniciou a estatística trimestral do leite adquirido pelas indústrias em 1997 que cresceu 121,58%, até o seu apogeu em 2014 e, a partir daí, só diminui pouco e cresceu pouco, até os dias atuais, lógico, conforme aconteceu em segmentos da cadeia láctea, caracterizando como a mais longa estagnação da história da indústria láctea.

No período de euforia pelo crescimento que acontecia – 1997/2014 - houve investimentos vultuosos, muita imobilização de capital, muitos esforços em todos os segmentos da cadeia láctea.

Na fazenda - a primeira grande luta pela qualidade do leite se iniciou com o resfriamento do leite nas propriedades e na coleta a granel, que envolveu toda a cadeia de produção, de serviços, tecnologias e desenvolvimento de infraestruturas de estradas e de fornecimento de energia; elevação de produtividade do rebanho leiteiro (passando de 1000 litros por lactação em 1997 para 2.199 em 2022), e em todas as demais áreas relacionadas a produção de leite na fazenda, ou seja, na alimentação; no treinamento da mão de obra; no conforto animal; na prestação de serviços relacionados à atividade; no uso de genética por inseminação e processos de transferência de embriões, até chegar aos “compost barns”;pastagens irrigadas; manejo correto de todas as atividades primárias da produção leiteira.

Na Indústria - os laticínios evoluíram em todas as direções para receber o leite do produtor e atender aos reclamos dos consumidores, de tal forma, que hoje os laticínios brasileiros produzem praticamente todos os principais produtos lácteos.

A atualização tecnológica da produção industrial de leite até as gôndolas do varejo é contínua, visa atender a todas as demandas e capacidades diferentes de compra do consumidor, com o desafio de enfrentar um mercado aberto e um mercado enorme informal devido sobretudo à falta de renda de seu consumidor.

Mas, ainda assim, os esforços precisam ser redobrados com vista alcançar melhores posições de competitividade sobretudo com o Mercosul, até porque chegam aqui todos os seus produtos lácteos, com alíquota zero. Sendo que para a produção brasileira, segundo se preconiza na nova regra tributária que se está discutindo no Congresso, nem todos os produtos lácteos deverão possuir alíquota zero.  Visto que o mercado brasileiro é de fato aberto, mas precisaria que todas as condições tributárias de tributação interna fossem iguais em relação ao Mercosul, do contrário criam-se vantagens aos produtos originários do Mercosul.

A Estagnação da População entre 2014 à 2022

O Brasil respetivamente nos anos 1997- 2014 - 2022 e 2024 - contava com a seguinte população, como segue:

1997= 159.636.413   

 2014=202.768.562  

2022 = 203.080.756  

2024=212.600.000

Segundo o IBGE essa é a estimativa revisada da população brasileira para 2014, com base em dados dos censos de 2010 e 2014.

De 1997 a 2014 a população aumentou 27%, em 17 anos. De 2014 a 2024 (veja na tabela anterior de produção) aumentou 4,84%. 

É importante sob todos os aspectos considerar com atenção a importância do processo demográfico que passa o Brasil, especialmente a sua distribuição, ao longo do tempo e no âmbito do território nacional. Entender essa variável é importante para qualquer projeto de crescimento da cadeia láctea nacional.

Trabalhando os números da produção brasileira e os combinando com a população, de imediato já nos leva a um importante indicador:  disponibilidade per capita aparente interna.

É exatamente aqui que combinando população, renda e produção temos os valores que nos dará a condição de analisar e definir, o que é mais relevante:  o preço do produto leite e seus derivados são caros? Ou é a renda da população que não alcança os seus preços?

Nesse ponto deve abrir as janelas do preço do produto ofertado, como ele é formado em cada uma das linhas de produtos que chega nos mercados: seja no mercado informal que no formal, tema esse que devemos analisar em outro momento.

Quantidade de leite disponível de leite para esse mercado informal:

Volume de leite informal previsto para 2024, 11.565.000.000 litros, esse é o tamanho do mercado de leite informal.  Comercializado sem uma fiscalização higiênico sanitária oficial e sem o cumprimento da legislação tributária municipal, estadual e federal.

Normalmente, o leite é comercializado em garrafas pet de 1.5lt ou 2lt, ou ainda no formato de queijos, doces vários ou iogurtes, há produtores que vendem a granel para pequenos artesãos também informais de queijos, queijos, iogurtes, doces, bolos e quitandas diversas.

São comercializados na área rural, na beira das estradas, mais próximo das fazendas onde é produzido por pequenos produtores, nas periferias de cidades, em mercados de “1 check out” ou mesmo em “vendas” e feiras, feirinhas, seja o leite ou queijos ou doces, sobretudo em cidades menores de 50 mil habitantes, que possuem uma população de cerca de 64 milhões de hab. Mas essa produção chega até mesmo nas periferias de médias e grandes cidades, sobretudo queijos e os doces, ainda que mais caros. 

Depois de estudar diversas variáveis, projeções, pesquisas de dados, entrevistas, podemos supor, que essa produção comercializada informalmente, ofertada na sua maior parte para a população rural em mais de 4.895 municípios abaixo de 50 mil habitantes, que correspondem a 30,1% a população, a 64 milhões de habitantes, conforme estatísticas revistas pelo IBGE.

Podemos supor que toda a produção destinada ao comércio informal seja consumida por cerca de 60 milhões de pessoas no Brasil. Significa que o consumo per capita da produção informal chegaria aproximadamente a cerca de 190,2 litros per capita em 2024 segundo o IBGE.

Além da população rural desses municípios, diríamos que essa produção informal está presente em todas as áreas rurais de todos os municípios brasileiros, inclusive nas capitais, a diferença é que na medida em se avança para o centro das cidades maiores, o produto informal chega através de queijos e doces, como produto “artesanal”, inclusive mais caros.

Elaboração www.terraviva.com.br com informações do site do IBGE
 

 

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