SELECTUS - O diário do Leite – Um Conjunto de Editoriais, quais:
ESTATISTICAS DE INTERESSE DA CADEIA LÁCTEA
SELECTUS - O diário do Leite – Um Conjunto de Editoriais, quais:
ESTATISTICAS DE INTERESSE DA CADEIA LÁCTEA
Lala - O espanhol com sotaque português, e mesmo o "portunhol", começam a ser ouvidos com mais frequência nos corredores das unidades da Lala no México. Passados sete meses da conclusão da compra da brasileira Vigor pela maior empresa mexicana de lácteos, o processo de integração entre as duas companhias dá os passos iniciais, mas as linhas que vão norteá- lo já estão bem definidas.
E também é possível vislumbrar os desafios no caminho. Uma das primeiras mudanças foi a criação pela Lala de uma diretoria global de inovação, pesquisa e desenvolvimento, cujo objetivo principal é acelerar as sinergias e as trocas de tecnologia entre as unidades do grupo. E um brasileiro foi escolhido para comandar a nova diretoria: o engenheiro de alimentos João Nery, que era gerente de Inovação e Pesquisa & Desenvolvimento da Vigor e trabalhou no lançamento da linha de iogurte grego da empresa brasileira, em 2012, acaba de chegar ao complexo industrial de Torreón, a cerca de mil km da Cidade do México, onde está o centro de pesquisa e desenvolvimento da Lala. No centro são desenvolvidos produtos para todas as unidades da Lala no México, EUA e América Central - e agora também no Brasil. "Por que gostamos da Vigor? Porque vimos muita inovação na empresa", afirma Scot Rank, CEO da Lala, em encontro com jornalistas brasileiros na sede administrativa da companhia na Cidade do México, ao lado de Eduardo Tricio Haro, chairman e principal acionista da companhia. Segundo Rank, "durante cinco ou seis anos" a Lala avaliou empresas no Brasil e decidiu comprar a Vigor pela característica da companhia de apostar em inovação e agregação de valor. "Somos uma empresa que busca inovação e criar produtos que levem a mudanças de hábitos pelos consumidores".
A troca de tecnologias entre Lala e Vigor dará frutos em breve. Segundo Rank, até o fim do ano a Lala vai fabricar um produto brasileiro no México. Ele não revela qual será o item, apenas que terá a marca Lala e que houve um "pequeno ajuste" em relação à versão brasileira para adequá-lo ao gosto mexicano. E também haverá produto mexicano no Brasil, fabricado pela Vigor. O lançamento pode ocorrer no quarto trimestre deste ano ou no primeiro trimestre de 2019, de acordo com ele. "A oportunidade de intercambiar inovação é fantástica. Por isso trouxemos o João, que vai nos ajudar a facilitar esse intercâmbio", afirmou, em referência ao executivo brasileiro. Em seu novo posto em Torreón, Nery afirmou que o objetivo "é fazer inovação com rapidez" e "aumentar a capacidade de troca entre as áreas", com investimento cada vez maior em pesquisa em desenvolvimento. Embora os executivos não revelem quais os primeiros produtos resultantes dessa troca de tecnologias, o fato é que, no México, o portfólio atual da Lala ainda é bastante focado em leites (pasteurizado, longa vida e especiais) e em sobremesas. Assim, há espaço para crescer em refrigerados e queijos, categorias em que a Vigor se destaca. No processo de integração com a Vigor, a Lala traçou como meta melhorar a rentabilidade da operação brasileira, onde a margem Ebitda é quase a metade da registrada pela Lala. No ano passado, a Lala, que tem capital aberto na bolsa mexicana desde 2013, reportou uma margem de 12,9%, ante 7,5% da Vigor. O plano é elevar em 200 pontos-base a margem no Brasil em dois anos, segundo Rank. Mais uma vez o intercâmbio de experiências deve ajudar nesse objetivo. "Vamos levar as melhores práticas da operação para o Brasil e também faremos investimentos na indústria", afirmou Rank. A Lala vai destinar, nos próximos dois anos, pouco mais de US$ 100 milhões para a atualização de plantas da Vigor. Além disso, disse, a empresa vai "otimizar" as forças de vendas e as compras de matérias-primas, com exceção do leite. O executivo citou como exemplo de prática utilizada no México e que pode ser transferida ao Brasil os sistemas de compras de matérias-primas por grupos, nos quais são obtidos preços mais competitivos. Na visão de Tricio, o que permite à Lala obter margens mais altas são os "investimentos consistentes em qualidade, em marketing, em inovação e desenvolvimento". A distribuição própria dos produtos também é uma vantagem. "Acredito que a Vigor pode ir no mesmo caminho de melhorar margens. Nós tínhamos esses números de dez a vinte anos atrás". A melhora da rentabilidade na Vigor também passará pela ampliação da produtividade dos fornecedores de leite da companhia. De acordo com o CEO da Lala, a empresa já iniciou os trabalhos com os produtores que vendem leite à Vigor - hoje são 1.200 - para a implementação de medidas que elevem a produtividade dos animais e a qualidade do leite, o que, na prática, também estimula a fidelização do produtor. "Melhora de produtividade se obtém com genética, manejo e alimentação do gado leiteiro", disse Tricio, cujo pai, Eduardo Tricio Gomez, um dos fundadores da Lala, começou a produzir leite na região conhecida como La Laguna, onde está Torréon, no centro do México, nos anos 1950 (ver No México, até sinfonia embala produção). De acordo com Tricio, a Vigor "já tinha uma boa assistência técnica aos produtores". "Não queremos destruir nada. Queremos construir sobre o que já existe. E claramente a Vigor tem uma boa relação com seus produtores. O que queremos é fazer mais coisas para que eles sejam mais produtivos e competitivos", disse, ponderando que nem todo o conhecimento utilizado na produção de leite no México é transferível e que é preciso "se adaptar à condição de cada lugar". Aliás, ele tem clareza de que há grandes diferenças entre o Brasil e o México. Diante disso, uma das decisões da empresa foi manter executivos brasileiros, como Gilberto Xandó, tocando a Vigor. "Nós podemos aportar algumas coisas, mas é importante que os brasileiros estejam a cargo do negócio porque conhecem a gente, a cultura, a tecnologia", afirmou. A jornalista viajou a convite da empresa